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Medicina

Prontuário médico: o que estudantes de medicina precisam saber

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O prontuário médico é mais do que um registro de informações de saúde; ele garante a continuidade do cuidado, facilita diagnósticos precisos e assegura a qualidade do atendimento. Além disso, protege pacientes e profissionais em questões legais e éticas. 

Continue lendo para aprender as funções principais do prontuário, as informações essenciais que ele deve conter e como evitar as consequências de ignorá-lo. 

Prontuário médico: o que é e para que serve? 

O prontuário médico é um documento, ou vários documentos, usado para registrar e guardar as informações referentes ao atendimento de um paciente. Ele é mantido por instituições de saúde, como hospitais, clínicas e consultórios médicos, sendo utilizado pelos profissionais de saúde para registrar dados e acompanhar o tratamento dos pacientes.

O prontuário não é acessado apenas pelos médicos, das especialidades envolvidas, mas também por outros profissionais de saúde que fazem parte do tratamento, como enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, etc.

Entenda as funções do prontuário médico

Documentação clínica

Registra as interações que o corpo clínico terá com o paciente e com o hospital, clínica ou consultório, contendo detalhes do atendimento e do estado de saúde.

Continuidade do cuidado

Permite que diferentes profissionais de saúde tenham acesso às informações necessárias para dar seguimento ao tratamento de maneira integrada e coordenada.

Base para diagnósticos e tratamentos

Auxilia os médicos a fazerem diagnósticos mais precisos e a planejarem tratamentos baseados no histórico completo do paciente.

Legal e ético

Serve como documento legal em casos de litígios e é essencial para garantir a ética na prática médica.

Pesquisa e ensino

Dados de prontuários podem ser usados em estudos científicos e no treinamento de novos profissionais de saúde.

Que informações devem constar no prontuário médico?

Um prontuário médico completo deve conter diversas informações importantes para garantir um atendimento eficiente e seguro. Entre elas, podemos destacar:

  • Dados pessoais do paciente: nome, idade, sexo, endereço, telefone, entre outros.
  • Histórico médico: doenças pré-existentes, cirurgias já realizadas, alergias, histórico da família, etc.
  • Queixas principais: o que o paciente sentiu ao procurar atendimento.
  • Diagnósticos: resultados de exames e avaliações médicas.
  • Tratamentos e prescrições: medicamentos, terapias e procedimentos recomendados.
  • Evolução clínica: registros das visitas de acompanhamento e observações sobre a resposta ao tratamento.
  • Exames laboratoriais e de imagem: resultados de testes que auxiliam no diagnóstico e no monitoramento do paciente.

Por que o prontuário médico não pode ser ignorado? 

Ignorar o prontuário médico pode ter sérias consequências tanto para o paciente quanto para o médico. Aqui estão algumas das principais implicações:

Consequências para o paciente

Erros de diagnóstico e tratamento

Sem acesso ao histórico completo do paciente, o médico pode fazer diagnósticos incorretos e prescrever tratamentos inadequados ou perigosos.

Interações medicamentosas perigosas

Não observar os medicamentos prescritos anteriormente, podendo causar interações adversas com a prescrição. 

Falta de continuidade no cuidado

Tratamentos anteriores e resultados de exames importantes podem ser negligenciados, resultando em cuidados fragmentados e menos eficazes.

Agravamento de condições

A falta de informações detalhadas pode atrasar o tratamento de condições crônicas ou emergenciais, levando ao agravamento da saúde do paciente.

Consequências para o médico

Responsabilidade legal

Ignorar o prontuário pode ser considerado negligência médica, levando a ações judiciais por má prática e resultando em possíveis indenizações e penalidades legais.

Processos éticos e disciplinares

Médicos podem enfrentar sanções de conselhos profissionais e outras entidades reguladoras, incluindo a suspensão ou revogação da licença para praticar medicina.

Como fazer um bom prontuário? 

O dia a dia do médico pode ser muito corrido, principalmente se trabalhar em unidades públicas de saúde, onde o volume de atendimentos é alto. No entanto, criar e manter um bom prontuário médico é essencial para garantir a qualidade e a segurança do atendimento ao paciente. 

Veja algumas diretrizes para futuros médicos sobre como fazer um prontuário eficiente e completo:

1. Coleta de informações detalhadas

Histórico do paciente

Dados pessoais: nome completo, data de nascimento, endereço, telefone e informações de contato de emergência.

Histórico médico pessoal: doenças passadas, cirurgias, alergias, medicamentos em uso, vacinas, hábitos de vida (fumo, álcool, drogas), e histórico de saúde mental.

Histórico familiar: doenças hereditárias ou condições prevalentes na família.

Motivo da consulta

Queixa principal: descrição detalhada do principal problema que trouxe o paciente ao atendimento.

História da doença atual: início, duração, evolução dos sintomas, fatores agravantes e atenuantes, e tratamentos anteriores relacionados ao problema atual.

2. Exame físico

Exame geral: monitoramento dos sinais vitais (pressão sanguínea, pulsação, temperatura corporal, ritmo respiratório), condição geral e aparência do paciente.

Exame específico: avaliação detalhada dos sistemas corporais relevantes, baseada na queixa principal do paciente.

3. Exames complementares

Solicitação e resultados: é necessário anotar todos os exames laboratoriais, de imagem e outros testes diagnósticos solicitados, bem como seus resultados.

Interpretação dos resultados: registrar a interpretação dos resultados dos exames e como eles impactam o diagnóstico e o plano de tratamento.

4. Diagnóstico

Diagnóstico principal: baseado na análise das informações coletadas e dos exames realizados.

Diagnósticos diferenciais: outras condições possíveis que devem ser consideradas e investigadas.

5. Plano de tratamento

Tratamento medicamentoso: medicamentos prescritos, incluindo dosagem, frequência e duração.

Tratamentos não medicamentosos: sugestão de terapias físicas, alterações no estilo de vida e outras formas de intervenção.

Procedimentos: cirurgias ou outros procedimentos médicos planejados.

Orientações: instruções detalhadas para o paciente sobre o tratamento e os cuidados a serem tomados em casa.

6. Evolução e seguimento

Anotações de evolução: registros regulares sobre o progresso do paciente, resposta ao tratamento, e quaisquer mudanças no estado de saúde.

Consultas de seguimento: agendamento de consultas futuras e objetivos para essas consultas.

7. Comunicação clara e precisa

Legibilidade: escrever de forma clara e legível, evitando abreviações confusas.

Objetividade e clareza: ser objetivo e claro nas anotações, garantindo que qualquer outro profissional de saúde possa entender e dar continuidade ao atendimento.

8. Confidencialidade

Privacidade do paciente: garantir que todas as informações do prontuário sejam mantidas em sigilo e protegidas contra acesso não autorizado, conforme as regulamentações de privacidade de dados.

9. Uso de tecnologia

Prontuário eletrônico: sempre que possível, utilizar sistemas de prontuário eletrônico (PEP) para facilitar o registro, a busca de informações e a comunicação entre profissionais de saúde.

10. Atualização constante

Registro contínuo: atualizar o prontuário de forma contínua e imediata após cada consulta, procedimento ou mudança no tratamento, garantindo que o prontuário reflita sempre a situação mais recente do paciente.

O prontuário médico faz parte da rotina do profissional e enquanto estudante, é muito importante conhecer os detalhes que irá encontrar no dia a dia. 

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